5 anos depois de ter começado a observar aves, finalmente olhei para uma anilha de uma gaivota, ontem quando andava com o Frederico Morais á procura de uma petinha-maritima no porto de Peniche encontrei esta menina 1XX6 anilhada como adulto em 2009 em Guernsey.
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Eu comecei a observar aves á relativamente pouco tempo, em 2008, na altura estava á procura de um hobby em que não tivesse que falar com outras pessoas, isto porque por motivos profissionais e por causa de outros hobbys eu passava grande parte do meu tempo a gerir diferentes “expectativas” entre pessoas, o que é diga-se desgastante. Por isso comecei a observar aves, sempre me fascinaram, desde pequeno que leio sobre elas, e em 2008 comecei finalmente a observa-las mais a serio. De observa-las até começar a fazer listas do que observava foi um curto passo, entretanto descobri os fóruns, inicialmente o http://www.avesdeportugal.info/links.html e depois mais tarde o http://www.birdforum.net/forum.php comecei a aprender alguma coisa, comprei mais material, fui evoluindo, fiz algumas saídas com a Spea, enfim o percurso normal. Como sou um planificador compulsivo comecei a planear como ver o maior número possível de espécies de aves para Portugal continental, a chamada life list para PC, e comecei a pensar em ver raridades, como faço observação principalmente em Peniche e na Lagoa de Óbidos centrei os meus esforços em gaivotas, limícolas e marítimas, e como é natural não encontrei nada, não desisti, por alguma razão as raridades são, bem raras… A 10 de Novembro de 2008 encontrei a minha primeira raridade, surpreendentemente um passeriforme, uma Petinha-marítima (Anthus petrosus) e fiquei viciado, a descarga de adrenalina que sinto quando descubro uma ave rara é inexplicável, e se a ave para alem de rara for uma espécie que quero muito ver então é uma sensação de euforia que me deixa nas nuvens durante bastante tempo, claro que se ficar sem encontrar nada durante algum tempo começo a ficar deprimido e a precisar de nova dose… No passado mês de Maio já estava sem uma nova raridade á algum tempo quando vi uma Gaivota de Sabine nos Remédios-Peniche, não foi mau mas já vi varias Sabines, mais perto e melhor, mas já era o suficiente para acalmar a necessidade de ver algo diferente, mas no dia 22 tive nova oportunidade, normalmente não observo gaivotas em Maio, para alem dos imaturos estarem horríveis, são quase todas micha, e as praias tem outro tipo de ocupantes, mas como o tempo estava mau fui ao molhe leste ver se via sternas ou limícolas. Quando estava a voltar de fazer o molhe, reparo que no meio do bando de michas que estava na praia estava uma mais clara, não tive duvidas, Larus argentatus 3-4º ano, nada de parar o coração mas que diabo, em Maio era muito bom! Quando me aproximei para tirar as fotos da praxe, as gaivotas que estavam perto da argentatus mexeram-se, e esta que estava deitada abriu os olhos… eram completamente pretos, gaivota clara com olhos pretos = Larus cachinnans, nada mau, cachinnans só tem um registro aceite para Portugal, portanto já era alguma coisa, para alem do olho preto e pequeno, o bico não me pareceu mau, a ave não tinha um bico clássico para cachinnans mas também não era dê-se deitar fora, não consegui concluir nada do padrão das asas porque com naquela idade não vou lá ainda, mas estava a achar a ave muito interessante e mandei um sms aos colegas da zona a avisar que estava uma possível cachinnans na praia, entretanto a gaivota levanta-se e tive o meu momento de duvida, as patas era curtas, muito curtas, mas pronto ela tinha o olho preto! Quem diz que uma cachinnans não pode ter as patas curtas? Pode acontecer pensei eu, mais uns minutos a observar a ave, e como ela não se movia comecei a observar as outras, na foz da ribeira de são domingos estava uma gaivota a tomar banho que me pareceu Larus marinus, mas estava de frente para mim e não lhe via bem o manto e a estrutura, quando voltei a centrar a atenção na cachinnans constato que já não estava, fiquei algo irritado porque não lhe tinha visto a asa em voo, mas pronto fui olhar para a marinus. A marinus estava tranquilamente a cuidar da plumagem mas quando me chego ao pé e ela olha para mim, fiquei confuso, ela era pequena, para marinus não era muito grande, tudo bem, fêmea imatura, mas com um bico tão grande? Seria um macho pequeno? As pernas eram verdes, o olho era preto não tinha pontas brancas nas primarias, parecia ter apenas um espelho branco na P10, interessante, que raio de idade teria? Toca de tirar umas fotos para pensar no assunto em casa. Voltei para o meu carro que estava na parte interior da ribeira, e mesmo á frente da ribeira estava a cachinnans, fiquei todo contente porque sabia que iria conseguir tirar fotos da ave em voo, e assim foi, o padrão das primarias não era muito prometedor mas os olhos eram pretos, argentatus não podem ter olhos pretos nesta idade, portanto no pior dos cenários seria um hibrido… Quando voou a gaivota voltou para a praia mas ficou mais distante, eu fui atras dela mas ao ver que ela tinha ido para o lado mais distante do bando fiquei só a observa-la mais um pouco antes de me ir embora, da marinus nem sinal… Quando chego ao carro a marinus estava mesmo em frente a tomar banho, voltei a montar o telescópico, voltei a não perceber nada da ave, os olhos eram mesmo pretos, o anel ocular era amarelo, o bico era um bicão, patas verdes, que esquisito… mas com a cachinnans na cabeça quem é que se iria preocupar com a idade de uma marinus? Tirei mais umas fotos, a gaivota levantou voo e fiquei por ai. Quando chego a casa aviso na lista de mail raridades da possível cachinnans, e vou ver a literatura, reparo logo num grande problema, parece que as argentatus também podem ter olhos escuros com aquela idade, quem diria?? Bom, nos dias seguintes ainda tentei argumentar que poderia ser uma cachinnans baixota, mas o Luís Gordinho e o Rui Caratão entre outros lá me convenceram que não era uma cachinnans estruturalmente defeituosa, mas uma argentatus bastante típica, não fora os olhos pretos…
E as fotos da marinus ficaram na gaveta, eu voltei a ver a ave na manha de 23, mas estava com pouco tempo e á procura da “cachinnans” por isso só lhe passei os olhos por cima, e assim ficou… Até que no dia 6 de Junho aconteceu isto: http://birdsofportugal.blogspot.pt/2013/06/gaivota-dominicana-kelp-gull-larus.html O Inocêncio Oliveira tinha encontrado no dia anterior uma Larus dominicanus!!! A todos os níveis foi uma descoberta sensacional, e numa outra altura qualquer eu teria passado a manha do dia 6 em pulgas para a ir ver. Mas não fiquei, e não fiquei porque a minha reação as fotos do Inocêncio não foi: Espectacular, incrível, hummm será que fica na zona??? Foi Mas isto não é uma dominicanus, é igual á marinus do outro dia… Altura em que fiquei seriamente deprimido e a desesperar para chegar a casa e confirmar as fotos… E pronto, porque é que sou um idiota? Porque depois de anos a olhar para gaivotas e de achar que conseguiria identificar qualquer rara que me aparecesse pela frente, falho não 1 mas 2 seguidas, e mais grave falho a identificação de uma gaivota que eu já tinha pesquisado e que sabia como distinguir da marinus, já que tinha vistos os pontos chaves quando preparei uma viagem a Marrocos que ainda não se realizou… Postado por: Pedro Ramalho Hoje, bem cedo...rumei a Peniche...com o som do vento que se intensificava durante a noite na janela do meu quarto, fui cheio de expectativa que o Vento de Oeste trouxesse alguma animação para junto da costa. Numa homenagem sentida ao Demis Roussos...fui a cantarolar no carro na esperança que "My friend the Wind" fosse generoso no número de Rissas e moleiros...quem sabe um Mellanita fusca ou Fratecula artica. Ao chegar a Peniche o mar estava agitado, mas o vento, nada do que estava prometido...um vento fraco..acompanhado com aguaceiros...o braço da frente fria estava ainda a passar e o vento ainda não estava instalado....decidi ir espreitar o Molhe Leste e ver umas gaivotas... Na ribeira estava um Larus marinus 1ºinv e entretanto chegou uma Larus argentatus 1º inv., um ind. com um grande número de penas do manto e escapulares mudadas com um barrado fino e de tons pálidos, o padrão das terciárias era já imperceptível, tal era o desgaste. Entretanto o vento já estava a ficar mais forte e decidi voltar à Cruz dos Remédios e espreitar o mar...não sem antes passar no "fosso", junto às saídas de esgoto das muralhas e no frenesim de Guinchos, uma Larus canus ad., talvez o mesmo ind. que tinha visto ontem a caminho do Cabo Carvoeiro. O vento, agora forte, já tinha empurrado algumas aves para junto da costa, numa hora de contagem (10h - 11h): A. torda: 141 S. skua: 23 P. mauretanicus: 6 L. melanocephalus: 4 P. griseus: 1 R. tridactyla: 9 M. nigra: 1 Postado por: Helder Cardoso, Foto: Helder Cardoso
A observação de marítimas pode por vezes ser frustrante, hoje tinha tudo para ser perfeito, ontem houve um temporal e hoje de manha as previsões eram para vento forte de oeste, parecia portanto o dia ideal para finalmente ver um papagaio-do-mar. E melhor ainda ia ter vários colegas na zona, já que o Rui Caratão, Flávio oliveira e João Morgado vinham para ver as gavias e gaivotas no porto.
Quando me levantei vi logo que estava tudo estragado, não ouvia o vento…nada bom, fui para Peniche, encontrei-me com a malta e em breve tinha-mos relocalizado a mobelha-pequena e o 1º inverno de argentatus, a procura pela mobelha-grande não deu em nada, por isso fomos para o Quebrado tomar café e ver se se passava alguma coisa. Café fechado e nada a passar, do melhor… seguimos para os remédios, a passagem estava minimamente aceitável com algumas tordas, pardelas-baleares e gansos patolas a passarem para sul, e mais interessante 1 cagarra também para sul. Quando já estávamos preste a voltar para o Quebrado para o café eis que aparecem DUAS Mobelhas-pequenas (Gavia stellata), foi muito fixe, um adulto e um juvenil a voar para sul em conjunto, nada mal, mas o pessoal não estava particularmente animado, queriam ver a Gavia immer, afinal já tinham visto uma stellata no porto. Tínhamos combinado ir tomar café com o Vitor e Bruno Maia ao Quebrado, e quando lá chegamos ficamos agradavelmente surpreendidos porque eles tinham acabado de ver uma mobelha-grande em alimentação junto ao bar… Nada mal para uma manha, 4 mobelhas e uma argentatus, preferia ter visto os papagaios, mas fica para amanha! A convite do Thijs, da Fábia e do Bruno, ontem decidi juntar-me a eles para um dia inteiro de espera e desespero para os lados de Sintra. O entusiasmo matinal na viagem de ida não era o mesmo nas caras de desânimo de volta...sem um único rasgo de auriculares brancas (A. hodgsoni). Hoje de manhã eu e o Pedro Ramalho, fizemos de cicerones aos nossos amigos do Sul, assim rumámos a Peniche a fim de "mostrar" as raridades conhecidas locais e ainda encontrámos mais algumas coisas: Cygnys cygnus - continuam na Etar Pastor roseus - continua na rotunda Larus marinus - 1ºinv (molhe leste) Larus argentatus - Ad (molhe leste) Larus argentatus - 1º inv (Cruz dos remédios) Gavia immer - 1 (poss 1ºinv. porto de Peniche) Na lagoa de Óbidos: Mergus serrator: 1 (poss. um dos 2 detectados a semana passada) Larus canus - 1º inv. . Postado por: Helder Cardoso; Foto: Helder Cardoso
Este L. argentatus 1º inv. foi encontrado na praia do molhe leste, Peniche. Apesar de não ter sido possível fotografar e observar a "janela" nas primárias interiores, nem o padrão da cauda, esta ave apresenta características que favorecem L. argentatus. Agradeço a opinião do Pedro Ramalho, do Chris Gibbins , do Rui Caratão e do Klaus Mailling Olsen. Postado por: Helder Cardoso
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